“A relevância do desenvolvimento de competências na educação básica exige que a aprendizagem seja interdisciplinar e contextualizada. A compreensão dos sentidos e a capacidade de relacionar a teoria com a prática em todas as disciplinas do currículo (artigos 32, 35 e 36 da LDB) são dois marcadores importantes que apontam para o fato de que o objetivo da educação básica não é formar “pequenos cientistas ou filósofos”, dedicados ao conhecimento puro, tal como é produzido pela academia, mas um conhecimento em ação, que ganha sentido por sua relação com a cultura próxima do aluno.
Assim, a interdisciplinaridade e a contextualização são recursos fundamentais para realizar a transposição didática, pois convertem o conhecimento acadêmico em objeto de ensino, selecionam e recortam os conteúdos de acordo com a proposta pedagógica. Portanto, para propiciar a aprendizagem de competências, é preciso identificar os recursos didáticos mais relevantes a serem utilizados, contextualizando seus conteúdos.
a) Interdisciplinaridade
A respeito de interdisciplinaridade, documentos oficiais (PCN) apresentam:
“Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade (...) é utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem uma função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos” (PC-
NEM, 1999: 22).
“Um trabalho interdisciplinar, antes de garantir associação temática entre diferentes disciplinas – ação possível, mas não imprescindível –, deve buscar unidade em termos de prática docente, ou seja, independentemente dos temas/assuntos tratados em cada disciplina isoladamente. (...) Em nossa proposta, essa prática docente comum está centrada no trabalho permanentemente voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades, apoiado na associação ensino-pesquisa e no trabalho com diferentes fontes expressas em diferentes linguagens, que comportam diferentes interpretações sobre temas/assuntos tratados em aula. Portanto, esses são fatores que dão unidade ao trabalho das diferentes disciplinas, e não a associação das mesmas em torno de temas supostamente comuns a todas elas” ( PCN+, 2002).
Logo, na educação básica, é recurso a ser utilizado para favorecer interconexões entre os conhecimentos através de relações de complementaridade, convergência e divergência. O mundo e seus problemas são complexos, mas o conhecimento que se constrói a partir dele não pode ser fragmentado.
As atividades interdisciplinares, desde que as condições institucionais o permitam, podem ser também um fator motivador das aprendizagens. Para isso, é preciso selecionar temas ou problemas próximos à vida da comunidade, relacionados com os acontecimentos do mundo contemporâneo ou presentes nos noticiários, e a eles agregar conhecimentos e desafios como ponto de partida para a abertura investigativa, que ultrapasse o senso comum e os contextos mais imediatos.
O objetivo em vista é tornar a aprendizagem significativa para os educandos através da integração das disciplinas, uma vez que o mundo e seus problemas raramente são apenas disciplinares.
b) Contextualização
Quando se fala em contextualização, fala-se em estratégias necessárias para a construção de significados. Literalmente, contextualizar é remeter uma referência a um texto, entendendo que, sem essa remissão, o texto perde parte substancial de seu significado.
Em sala de aula, isso pressupõe que, para tornar os conteúdos disciplinares significativos para os educandos, é preciso que sejam remetidos aos seus contextos.
Os contextos podem ser compreendidos pelo menos em dois sentidos. No primeiro sentido, chamado de hermenêutico, contextualizar é remeter um texto ou um conceito à obra ou teoria do qual ele faz parte, ao seu contexto histórico e social e até mesmo ao contexto biográfico do seu autor. Neste sentido, contextualizar é dar significado aos textos a partir de uma remissão às condições que lhe deram origem. Por exemplo, para tornar significativo um conceito da filosofia política de Maquiavel, é importante remeter esse conceito ao contexto social e político das repúblicas italianas do Renascimento ou, então, ao debate filosófico da época.
Num segundo sentido, chamado de socio-cultural, contextualizar é tornar o tema próximo da realidade do aluno, tanto de sua prática social quanto de sua cultura e história.
O trabalho com situações-problema reais da comunidade ou localidade dos educandos é um bom exemplo dessa acepção, que exige o entendimento dessa situação também em um contexto mais amplo. Em ambos os casos, o objetivo da contextualização é possibilitar que o aluno vivencie o conhecimento como algo relevante e, portanto, significativo.
Fonte de todo o texto: - Referenciais Curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: Ciências Humanas e suas Tecnologias/Secretaria de Estado Educação. Porto alegre: SE/DP. Total Editora, 2009. Pág:46,47,48. (adaptado)
*Por:
Geraldo Fruet
Professor de Filosofia
Assim, a interdisciplinaridade e a contextualização são recursos fundamentais para realizar a transposição didática, pois convertem o conhecimento acadêmico em objeto de ensino, selecionam e recortam os conteúdos de acordo com a proposta pedagógica. Portanto, para propiciar a aprendizagem de competências, é preciso identificar os recursos didáticos mais relevantes a serem utilizados, contextualizando seus conteúdos.
a) Interdisciplinaridade
A respeito de interdisciplinaridade, documentos oficiais (PCN) apresentam:
“Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade (...) é utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem uma função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos” (PC-
NEM, 1999: 22).
“Um trabalho interdisciplinar, antes de garantir associação temática entre diferentes disciplinas – ação possível, mas não imprescindível –, deve buscar unidade em termos de prática docente, ou seja, independentemente dos temas/assuntos tratados em cada disciplina isoladamente. (...) Em nossa proposta, essa prática docente comum está centrada no trabalho permanentemente voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades, apoiado na associação ensino-pesquisa e no trabalho com diferentes fontes expressas em diferentes linguagens, que comportam diferentes interpretações sobre temas/assuntos tratados em aula. Portanto, esses são fatores que dão unidade ao trabalho das diferentes disciplinas, e não a associação das mesmas em torno de temas supostamente comuns a todas elas” ( PCN+, 2002).
Logo, na educação básica, é recurso a ser utilizado para favorecer interconexões entre os conhecimentos através de relações de complementaridade, convergência e divergência. O mundo e seus problemas são complexos, mas o conhecimento que se constrói a partir dele não pode ser fragmentado.
As atividades interdisciplinares, desde que as condições institucionais o permitam, podem ser também um fator motivador das aprendizagens. Para isso, é preciso selecionar temas ou problemas próximos à vida da comunidade, relacionados com os acontecimentos do mundo contemporâneo ou presentes nos noticiários, e a eles agregar conhecimentos e desafios como ponto de partida para a abertura investigativa, que ultrapasse o senso comum e os contextos mais imediatos.
O objetivo em vista é tornar a aprendizagem significativa para os educandos através da integração das disciplinas, uma vez que o mundo e seus problemas raramente são apenas disciplinares.
b) Contextualização
Quando se fala em contextualização, fala-se em estratégias necessárias para a construção de significados. Literalmente, contextualizar é remeter uma referência a um texto, entendendo que, sem essa remissão, o texto perde parte substancial de seu significado.
Em sala de aula, isso pressupõe que, para tornar os conteúdos disciplinares significativos para os educandos, é preciso que sejam remetidos aos seus contextos.
Os contextos podem ser compreendidos pelo menos em dois sentidos. No primeiro sentido, chamado de hermenêutico, contextualizar é remeter um texto ou um conceito à obra ou teoria do qual ele faz parte, ao seu contexto histórico e social e até mesmo ao contexto biográfico do seu autor. Neste sentido, contextualizar é dar significado aos textos a partir de uma remissão às condições que lhe deram origem. Por exemplo, para tornar significativo um conceito da filosofia política de Maquiavel, é importante remeter esse conceito ao contexto social e político das repúblicas italianas do Renascimento ou, então, ao debate filosófico da época.
Num segundo sentido, chamado de socio-cultural, contextualizar é tornar o tema próximo da realidade do aluno, tanto de sua prática social quanto de sua cultura e história.
O trabalho com situações-problema reais da comunidade ou localidade dos educandos é um bom exemplo dessa acepção, que exige o entendimento dessa situação também em um contexto mais amplo. Em ambos os casos, o objetivo da contextualização é possibilitar que o aluno vivencie o conhecimento como algo relevante e, portanto, significativo.
Fonte de todo o texto: - Referenciais Curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: Ciências Humanas e suas Tecnologias/Secretaria de Estado Educação. Porto alegre: SE/DP. Total Editora, 2009. Pág:46,47,48. (adaptado)
*Por:
Geraldo Fruet
Professor de Filosofia
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